sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Diário de Ciro - página 1.504

Das páginas de Ciro M. Costa

Quarta-feira. Dia. Assim que terminei de dar mais uma aula de Legislação de Trânsito (pela milionésima vez, expliquei aos alunos todo o processo de habilitação) voltei para meu carro, e percebi que o mesmo estava com o porta-malas destrancado. Percebi também que ele estava assim desde sábado. “Alguém poderia ter aberto e roubado algo aqui dentro!”, pensei.
É engraçado o estágio em que chegamos. Quase todos os dias, precisamos tomar cuidado para não sermos roubados. Seja um carro que está estacionado em local suspeito, seja aquela bolsa que ficou em cima da mesa, seja o celular que está ali em cima, seja a bicicleta que ficou trancada lá fora... arrisco a dizer que tomamos precauções na maior parte do tempo. Por quê? Por que o mundo já não é mais o mesmo, há muito tempo.
Pra quem não sabe, fui roubado há pouco mais de um ano. Tinha um bom tocador de Mp3 em meu carro, com vários CDs (90% deles de rock e heavy metal). Uma bela noite, um filho de uma mãe e um pai, entortou minha porta do passageiro, abriu o pino e levou tudo. O cara foi tão descuidado, que se machucou na porta e um fiapo de cabelo do braço ficou lá. Se tivéssemos C.S.I por aqui, ele estaria em apuros. Me pergunto até hoje o porquê de ter levado meus CDs. O som eu entendo... mas os CDs??? Eram todos gravados e, cá entre nós, ladrão não costuma gostar desse tipo de música!? Se fosse sertanejo, axé ou funk eu até entenderia...
Bem, o caso é que depois disso, adaptei um amplificador no carro, onde eu apenas encaixava meu mp4 quando quisesse. Era simples e um pouco mais seguro, já que o amplificador ficava bem escondido e eu não deixava o mp4 dentro do carro.
Mas a gente não é inteligente todos os dias. A gente esquece dos traumas. A gente facilita. A gente relaxa. Nessa última quarta-feira, deixei meu carro nos arredores da faculdade, à noite (porque a burocracia me ‘descadastrou’ do estacionamento do lugar), e o arrombaram novamente (da mesma forma da outra vez) e levaram meu mp4 e meu amplificador. Quando entrei e vi tudo revirado, não sabia se chorava ou se ficava puto. Acho que estava mais pra última opção. “Por que fui deixar isso aqui dentro?? Por que deixei o carro nesse lugar escuro?? Por que não vi pessoa arrombar? Por que a gente nunca pega no flagra?? Por que fui tão burro??? Por que?? Por que???”.
Fiquei pensando nisso, enquanto voltava pra casa, e o arrependimento hoje ainda é forte. Entro em meu carro e o silêncio do caminho até o trabalho é insuportável. Não vivo mais sem aquela música...
Vocês podem estar pensando agora: “Tá, roubaram você, Ciro. E daí? Isso acontece todos os dias! O que há de interessante na sua historinha de hoje??”. Pois aí é que está o ponto, pessoal. A coisa se tornou rotina. Não nos surpreendemos mais quando uma história de roubo é contada, pois já não é mais novidade. TODO MUNDO já foi roubado um dia. E é isso que me assusta. É uma coisa muito errada, e continuamos de braços cruzados. Estamos muito conformados com tudo isso. A gente rala, passa apertado, é honesto... para vir um filho de P e levar na facilidade? “Por que você não coloca um alarme no carro?”, vocês me perguntam. Claro, como se adiantasse.
Penso eu que está na hora do mundo dar um BASTA. Se nós, pessoas de bem, nos uníssemos, isso dificilmente aconteceria. Se vigiássemos mais uns aos outros... ah, como seria diferente! Somos a maioria, pessoal, podem acreditar. Talvez seja hora de começar a observar tudo ao redor, e se virmos algo suspeito, acionar outras pessoas de bem (porque com a polícia também não se pode contar sempre). Talvez possamos usar a tecnologia de hoje, para sair avisando que “alguém está roubando um carro na rua tal” ou “alguém está com atitude suspeita na sua vizinhança, fiquem atentos!”. Sempre tem alguém com um notebook por perto, então... por que não? E o celular então? Já pensaram no poder que ele tem?
Outro dia, um de meus grandes amigos, o Flávio (que por acaso mora uma rua de cima de minha casa) me ligou, dizendo que seu alarme havia disparado. Infelizmente, não pude ir verificar a casa, pois estava em outro bairro, muito longe. Mas, segundo fiquei sabendo depois, ele ligou pra mim, pra polícia, pro irmão... e eles chegaram a tempo de ver que fora apenas um alarme falso. Graças ao bom Deus. Temos aqui uma espécie de ‘acordo’, onde nos observamos sempre. Sempre que há algo de errado em nossas casas, avisamos um ao outro. Seja um barulho diferente, se escutamos, o celular é usado.
Vocês percebem como a comunicação e a união são fortes? Se fizermos isso sempre, imagine a cara do ladrão, quando chegar aquele tanto de pessoas e pegá-lo no flagra! O que ele vai fazer? Se vingar de cada um? Com essa união? Muito difícil! Eu disse: somos a maioria.
E volto a dizer que o notebook e o celular são poderosas armas para combater o crime hoje. Isso, se não roubarem eles de você...

Um comentário:

César disse...

ficou bão, mas você carregou todo seu ódio nesse texto.
e outra, ALARME AJUDA MUITO, viu!!!!