terça-feira, 12 de abril de 2011

O Apanhador de Almas

Sim, ele morrera. Isso não era novidade. O estranho era que a morte não era o fim da estrada, agora perplexo, exigia de sua percepção o que havia depois dali, onde se encontrava.

Sentia que o fim era o fim, mas não saberia a que passo decorreria depois daquela barreira que julgara. Em vida, sempre buscou conhecimento, mas nunca achou tanta verdade no que lia.

Olhava o cinza, era tudo tão desconexo, tão escuro, sentia um fardo enorme em suas costas, o peso que, agora diria: O peso da alma!

Estava perdido no tempo que estivera por ali e sempre ao longe avistava uma luz, tão distante que nem merecia o alcance. Atravessar todo aquele cinza, aquele alvoroço, toda aquela dor pra quem sabe, enxergar apenas uma simples luz. E apenas luz, era a ultima coisa que queria ver.

A dor em seu peito exigia uma força descomunal para caminhar, a sede, a fome era maior do que sentira em qualquer época de sua vida. Vida, palavra que agora ganhava um sentido diferente, achava uma graça que embargava em sua garganta, mesmo sendo, o que seria vida agora?

Olhando ao lado, ouvira apenas gritos, sua visão era turva. Sentia um cheiro que não conseguia descrever. Um misto de enxofre, achou que era intuitivo falar de enxofre, pois sempre que recordava, ouvia esta palavra quando descreviam um cheiro diferente. Sentia medo, muito medo.

Em vida, sua percepção para novas conquistas, novos desafios era o que tinha de melhor e sempre obteve êxitos consagráveis, mas ali era diferente e sentia todo aquele peso. Compreendia o que suas duvidas nunca o respondera, ele sabia que tinha que passar por ali, mas não sabia o motivo. Qual seria seu objetivo? O que aquelas outras almas queriam?

Os dias passavam lentos em sua mente. Certa vez viu-se encurralado por alguns, queriam suga-lo, retirar de si aquela energia que trazia e com isso sentia-se exausto. Que formas eram aquelas, o que seria aquilo. Olhou para o horizonte e se perguntou:

-Por quê? - Desmaiou, sentiu suas forças extraídas com ferocidade e não resistiu ao chão.

Dias e dias se passaram, e ele sentia-se abandonado, largara de sua vida para passar aquilo. E se fosse só aquilo, apenas isso? Duvidas surgiam em sua mente e ele se abateu profundamente. Enxergava tal luz, mas a necessidade do esforço sempre o fazia desanimar.

Certo dia em meio ao cinza, sentiu necessidade de esforçar-se, sua visão já não tão lograda, distinguia às vezes seres jamais imagináveis, sentia medo quando os via. Queriam escraviza-lo, doma-lo. Com o tempo e por sua perspicácia, viu que eram como ele, ou já foram um dia, sentiu que poderia ser o que quisesse bastava buscar conhecimento. Mas não queria nunca, igualar-se a eles.

Determinada ocasião, olhando tal luz que aparecera de súbito, avistou pessoas que nunca conseguira enxergar antes, sua visão desde então parecia limitada, mas agora, naquele dia tudo se tornara diferente. Viu olhares de amizade e paz que se aproximaram dele.

O que seria? Pensava ele, tal força o fez ir de encontro ao chão.

- Sebastian, acorde!

Ouvia de longe a voz de comando e nem por curiosidade vencia seu cansaço.

- Vamos meu jovem, está na hora de aprender como curar-se, abasta aceitar nossa ajuda. Você já sofreu demais, não seria agora a hora?

Sebastian se deixou levar, e com uma gota de energia que lhe restava, disse com dificuldade, sim.

Após o que avaliara dias, acordou e com uma disposição maior, olhando ao seu redor sentiu um frio, um arrepio. Parecia um hospital, mas nada comparado ao que conhecia em Terra.

- Olá Sebastian, como se sente? – Disse Joé, um senhor de barba rala com fisionomia pacificadora.

- Bem, obrigado. Que lugar é esse?

- Este é o começo de sua nova jornada, e partindo daqui você pode buscar a paz e seria melhor lhe dizer que busque apenas por paz e amor. Meu nome é Joé e eu serei seu companheiro nesta jornada.

- Onde estou quem são essas pessoas? Como me tiraram daquele lugar horrível?

-Calma Sebastian, tente descansar!

Sebastian, sabia que suas perguntas não seriam sanadas naquele momento, e quanto mais duvidas e angustias enviara a seu coração, mais sentia o fardo que o amedrontava.

Olhou ao redor, sentia a paz, a luz, mas nada era o que conhecia. Teve paciência de esperar, sabia que agora sua busca por conhecimento era renovada, pois ali tudo era diferente. Serrou seus olhos e procurou descansar, ainda sentia-se fraco.

Os dias se passaram, e Sebastian melhorava a cada dia, Joé o chamou para uma caminhada, disse que lhe faria bem. Aquele era o momento que aguardava, pois a curiosidade chegava a sufocar lhe.

Olhando deslumbrado a cada detalhe, admirou-se com sua nova morada. E era ali que começaria seu novo objetivo. Se julgando capaz, saberia exatamente o que fazer pelo que passou naquele lugar sombrio.

Continua...

5 comentários:

Ciro disse...

Ué, e não é que o bichão postou MESMO? Hahahahahahah!!!! Deveras bom! Até o blog mudou, ué!?

Até o momento estou gostando do texto. Parece que até que foi psicografado. Estava pensando que ele estava justamente querendo me fazer pensar isso (que é um texto espírita e tals) pra no final ESTOURAR com alguma coisa. Mas como tem esse "continua",então vamos ver no que vai dar!!

Boa, Chárlie!

Flavio Carvalho disse...

Este texto promete,
muito bom,
vamos ver o que ele vai fazer.

Boa Carlos

Patrícia disse...

Amoooor, estou no aguardo pra ver onde essa história vai dar, rsrs...

Noé Sobrinho disse...

Tanto quanto espiritual.

Pietro disse...

Sua evolução nos textos foi notável aqui, mudou bem o estilo, acho válido começarmos a fazer um esforço para atualizarmos mais o blog.