quinta-feira, 1 de julho de 2010

O DIABO ESTÁ LÁ FORA (parte III de V)

Temido por Ciro M. Costa
Estava na cara que ela havia visto o cara fantasiado de “belzebú”. Mas ela tinha que ficar tão assustada? Será que a fantasia era tão bem feita assim?
- Thabyta! – repeti. – Você está vendo coisas! Era apenas uma pessoa fantasiada! Não precisa ficar tão assustada.
- Ah, é? – ela disse. Então, apontou o dedo para a janela. – E aquilo lá? É um cara fantasiado?
Sabem, acho que nunca levei um susto tão grande em toda a minha vida. Assim que olhei para janela, tive vontade de sair gritando. Mas não. Minha voz não conseguia sair, tamanho foi meu apavoramento.
Hahahahahahahah!!! A coisa está feia, hein Jonathan??
Naquele momento, compreendi por que Thabyta voltara correndo para dentro da sala naquele estado. A “coisa” na janela era realmente feia. E o pior de tudo: estava nos encarando!
Cuidado, Jonathan! Não vá desviar os olhos! É sinal de fraqueza!
Ei, sua vozinha chata!!! Será que pode parar de falar?? Toda hora você fica me interrompendo!! Estou em um momento de clímax da história!! Me deixe em paz!!
Não deixo, não deixo, não deixo, não deixo, não deixo!!!
Continuando, a coisa estava lá fora, como se nada estivesse acontecendo. Naquele momento, percebi que a “coisa” não era alguém fantasiado. Primeiro, porque era real demais. Os enormes chifres e a cara de boi bravo daquela criatura não poderiam ser uma mera fantasia para apresentações teatrais. A não ser que algum diretor hollywoodiano estivesse envolvido. Mesmo assim, seria bastante difícil confeccionar algo tão real.
Sabemos QUEM era, não sabemos, Jonathan? Hein?
E, segundo, a criatura estava em pé, do lado de fora da janela. Até aí tudo bem. Mas o caso é que a janela não possuía parapeito e... bem... estávamos no 3º andar do bloco.
Ele pode flutuar! Você sabe que pode! Hahahahahahahah!!!
- Q-quem é a-aquele? – perguntei, temendo qual fosse a resposta.
- E-eu não... eu não sei! – disse Thabyta. – Acho que estou sonhando!
- P-pois mais parece um pesadelo!
- Jonathan, eu estou com medo!
Como todo bom homem que se preze, tentei demonstrar coragem para que Thabyta não ficasse mais apavorada do que já estava:
- Calma, Thabyta! Não é nada de mais! É apenas nossa imaginação! - mas eu sabia que não era.
- Mesmo assim, estou com medo! – ela disse. – Não gosto disso!
- Calma, filha! Muita calm...
- Eu não sou sua filha!
- Desculpe! Saiu sem querer!
- Humpf!
O engraçado de tudo, é que a criatura continuava do lado de fora nos encarando, e ninguém mais via. O professor continuava com sua aula de Latim normalmente e ninguém mais percebera a presença do monstro.
Em certo momento, um aluno olhou em direção à janela. A criatura se escondeu rapidamente, e depois tornou a olhar novamente.
Rápido ele, não?
Isso provara que ela era real, pois, se fosse fruto de nossa imaginação, não iria precisar se esconder de terceiros. Se fosse fruto da imaginação minha e de Thabyta, somente nós veríamos aquilo! E se a criatura se escondeu, é porque poderia ser vista por outras pessoas. Caso contrário poderia continuar lá! Porque se alguém a visse, então... bah! Acho que vocês já entenderam o que quis dizer!
O que foi, Jonathan? Está nervoso? Hein? Hein?
Tentei me controlar. Olhei para Thabyta, e esta ainda tremia muito.
- Tente se controlar, Thabyta!
- Não posso! Eu ainda estou com medo!!!
- Tudo bem, tudo bem! Escute! Vamos analisar a situação, está bem?
- Como?
- Olha só... estamos aqui dentro, certo?
- C-certo.
- Nós dois sabemos que tem alguma coisa do lado de fora. Certo?
- Certo...
- Tudo bem. Vamos pensar com a razão. Aquilo não pode ser um monstro. Monstros não existem! Certo?
- E-eu não sei...
- Diga “certo”!
- Certo!
- Ok! Vamos pensar nas várias coisas que pode ser aquilo, mas continuando com a razão!
- Então, p-pode começar.
- Tudo bem! Hum... você acreditaria se aquele fosse um homem fantasiado pendurado em alguma corda?
- A-acho que não! Por que um homem se vestiria de boi e ficaria pendurado numa corda em uma faculdade?
- Bem, eu não sei... Ei! Você disse “fantasiado de boi”?
- Sim. Por que?
- É isso! Aquilo é um boi, Thabyta!
- Um boi voador? E com corpo de gente? Dá um tempo, Jonathan! Não piore as coisas!
- Tudo bem, tudo bem... – eu também estava muito apavorado, mas ainda não queria demonstrar isso. – É um minotauro então. Alguém deve estar fazendo algum trabalho sobre mitologia por aí!
- Puxa vida! Deve ser um trabalho bem feito, não é mesmo? E que efeitos especiais!
- Bem, eu...
- É melhor calar a boca, Jonathan! Deixe-me ficar apavorada sozinha!
Que situação! O pior de tudo é que tive uma tremenda vontade de ir ao banheiro, mas não pude, de tanto medo que estava de sair da sala.
E a criatura continuava lá, nos encarando. De vez em quando, ela tentava nos assustar. Em certo momento, aproximou-se do vidro da janela e jogou seu bafo, embaçando-o. Depois, com sua mão vermelho-escura, fez um desenho estranho. Era mais ou menos assim:

Seja lá quem fosse, estava fazendo hora com nossa cara...
- Você viu aquilo, Jonathan? – perguntou-me Thabyta.
- Sim, eu vi! A criatura quer nos assustar!
- E-ela... ela fez aquilo para nós, Jonathan! Ela está ali por nós dois!
- Ééééé’... eu já percebi isso. Mas... por quê? Por que eu e você? O que foi que fizemos de...
Foi aí que me toquei. Tudo aquilo começara desde que Thabyta havia feito a oração em Latim e o cheiro de enxofre surgira.
- Thabyta... que espécie de oração você fez? – perguntei.
- Por que está perguntando isso em um momento desses?
- Só me diga que oração era aquela!
O professor nos chamou a atenção novamente. Desta vez, parecia mais zangado:
- Psssiuu!! Vocês dois! Vocês não param um minuto, hein? Não estão interessados?
- S-sim! – eu disse, prontamente. - Estamos interessados, mas é que...
- Então fiquem em silêncio, ou... SÓ NA SEMANA QUE VEM PRA SABERMOS!!!!

Um comentário:

Pietro disse...

ou ele tira a roupa e faz pole dance!